Investigação dos EUA sobre práticas comerciais do Brasil critica até o Pix

Investigação dos EUA sobre práticas comerciais do Brasil critica até o Pix
Em julho de 2025, os Estados Unidos abriram uma investigação formal contra o Brasil por supostas práticas comerciais desleais. Embora o Pix não tenha sido citado diretamente no documento oficial, ele é o principal sistema estatal de pagamento digital no país — e, portanto, o alvo implícito da ação americana.
A investigação foi iniciada a pedido do ex-presidente Donald Trump, que pressiona o setor internacional com tarifas e questionamentos a políticas nacionais de outros países. Mas por que o Pix incomoda tanto os EUA?
O que diz o governo dos EUA
O relatório da USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA) afirma que:
“O Brasil parece favorecer seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo, o que pode configurar prática desleal.”
O documento não menciona o Pix nominalmente, mas cita serviços digitais operados pelo Estado brasileiro, o que, na prática, aponta diretamente para o sistema desenvolvido pelo Banco Central.
Por que o Pix incomoda os Estados Unidos?
1. Concorrência direta com bandeiras americanas
O Pix é gratuito para pessoas físicas e tem taxas reduzidas para empresas. Isso coloca forte pressão sobre gigantes como Visa, Mastercard e fintechs dos EUA, que lucram com as tarifas sobre transações.
Além disso, empresas estrangeiras operando no Brasil são obrigadas a integrar o Pix para atuarem no sistema financeiro local, o que muda completamente a lógica de mercado que elas estão acostumadas.
2. Avanço do Pix Internacional
O Banco Central já iniciou testes de uso do Pix fora do Brasil, com aceitação parcial em países como Argentina, EUA (em Miami e Orlando), e Portugal.
A expectativa é que, em breve, o sistema seja interligado a outras redes de pagamentos internacionais — o que pode substituir o dólar como moeda de intermediação em países do BRICS (grupo formado por Brasil, Rússia, China, Índia, entre outros).
Isso seria um grande golpe à hegemonia do dólar, um dos pilares da economia norte-americana.
3. Modelo estatal eficiente
O Pix representa uma inovação de infraestrutura pública, gratuita e eficiente, o que contraria o modelo americano baseado em soluções privadas.
Com mais de R$ 26,4 trilhões movimentados em 2024, o sistema virou vitrine internacional e exemplo de sucesso digital em países emergentes — algo que desperta ciúmes e resistência no setor privado internacional.
Conflitos com as Big Techs e geopolítica digital
O avanço do Pix também ocorre em um contexto de tensões com big techs como Google, Meta (WhatsApp, Facebook, Instagram) e outras plataformas americanas.
Essas empresas enfrentam restrições legais no Brasil, e já tiveram suas funções de pagamentos suspensas ou reguladas pelo Banco Central.
Exemplo: o WhatsApp Pay foi bloqueado em 2020 e retomado com limitações em 2023, sendo posteriormente descontinuado no formato de cartão de débito. A empresa decidiu priorizar... o próprio Pix!
Outros fatores que alimentam a investigação
A ofensiva dos EUA contra o Brasil não se limita ao Pix. O documento também menciona:
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Pirateria e propriedade intelectual (com destaque à Rua 25 de Março);
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Tarifas protecionistas em setores como etanol e aço;
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Corrupção e governança ambiental, especialmente na Amazônia;
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Pressões do STF sobre plataformas digitais.
A soma desses elementos dá força à narrativa de que o Brasil pratica uma “política comercial injusta” — o que permite sanções ou tarifas retaliatórias por parte dos EUA.
O que dizem os especialistas?
Pedro Henrique Ramos, diretor do RegLab, afirma que:
"O Pix é um modelo eficiente de inovação estatal, que serve de vitrine para o Brasil no cenário internacional."
Fabrizio Velloni, da Frente Corretora, alerta:
"O ponto mais incômodo para os EUA é o avanço de um sistema internacional que reduz o uso do dólar nas transações multilaterais."
Jorge Ferreira, professor da ESPM, completa:
"O Pix não é anticompetitivo. Ele apenas forçou empresas globais a se adaptarem a um novo ambiente regulatório."
🇧🇷 E o que diz o governo brasileiro?
O Brasil defendeu o Pix com firmeza:
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O Banco Central afirma que o sistema é inclusivo, gratuito e seguro;
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O vice-presidente Geraldo Alckmin disse que o Pix é um patrimônio do Brasil;
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A expectativa é de que a questão seja resolvida por meios diplomáticos.
O que vem a seguir?
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Audiência pública marcada para 3 de setembro de 2025;
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Empresas interessadas podem se manifestar até 18 de agosto;
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Dependendo do resultado, os EUA podem impor sanções comerciais ao Brasil.
FAQ – Perguntas Frequentes sobre a investigação do Pix
1. O Pix foi citado diretamente?
Não. O documento menciona “sistemas de pagamento do governo”, o que, na prática, se refere ao Pix.
2. Por que os EUA estão incomodados com o Pix?
Porque o Pix é gratuito, popular e ameaça o domínio das empresas americanas de cartão de crédito.
3. O Pix internacional é o foco?
Sim. Especialistas acreditam que o uso do Pix nos BRICS preocupa os EUA por reduzir a influência do dólar.
4. O WhatsApp Pay foi suspenso no Brasil?
Sim, em 2020. Depois foi retomado parcialmente, mas substituído pelo Pix em diversas funções.
5. O que o Brasil pode sofrer com essa investigação?
Pode haver imposição de tarifas comerciais ou restrições a produtos e serviços brasileiros.
6. O Pix vai deixar de funcionar?
Não. O sistema é consolidado no Brasil. A disputa é geopolítica e comercial, não técnica.
Conclusão: Pix é vitrine — e campo de batalha
O sucesso do Pix representa mais do que uma inovação digital — ele virou um símbolo de soberania tecnológica, inclusão financeira e eficiência estatal.
A investigação dos EUA deixa claro: quando um modelo público funciona bem demais, ele se torna uma ameaça.
Nos próximos meses, o Pix será mais do que um aplicativo no celular: será o centro de uma disputa sobre o futuro do dinheiro digital no mundo.
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