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Juíza é demitida no RS por copiar decisões em massa: entenda o caso e os desdobramentos




Juíza é demitida no RS por copiar decisões em massa: entenda o caso e os desdobramentos

Resumo do Caso

A juíza Angélica Chamon Layoun, de 39 anos, foi demitida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) por proferir decisões copiadas em série em mais de 2 mil processos judiciais. Apesar de estar afastada desde setembro de 2023, ela continuou recebendo salário até junho de 2025, incluindo bonificações que chegaram a ultrapassar R$ 65 mil em um único mês.

A decisão foi tomada durante o estágio probatório da magistrada e, segundo o TJ-RS, seguiu rigorosamente os trâmites disciplinares estabelecidos pela Lei Orgânica da Magistratura Nacional.

Motivo da demissão: decisões padronizadas

O Processo Administrativo Disciplinar (PAD) revelou que Angélica copiou trechos idênticos em centenas de decisões, sem analisar individualmente os autos. Segundo o relator do caso, isso violou o dever funcional de exatidão, previsto na legislação da magistratura.

O TJ-RS reforça que o juiz deve analisar os fatos e provas de cada processo, mesmo quando eles são similares. A padronização sem revisão individual é considerada grave e contrária à função jurisdicional.


Linha do tempo dos principais fatos

Data Evento
Jul/2022 Angélica é empossada como juíza substituta
Set/2023 Afastada do cargo após início do PAD
Fev/2025 TJ-RS aprova demissão em sessão do Órgão Especial
Mai/2025 Processo transita em julgado
Jul/2025 Demissão publicada oficialmente

Produtividade considerada 'impossível'

De acordo com o jurista Bruno Miragem, da UFRGS, a média de decisões de Angélica — cerca de quatro por dia, inclusive em fins de semana e feriados — seria "humanamente impossível" de ser atingida com análise técnica individual.


Salários e remuneração durante o afastamento

Mesmo afastada do cargo desde setembro de 2023, a juíza continuou recebendo salários integrais até junho de 2025:

  • R$ 31,5 mil/mês em média em 2025

  • R$ 65.252,63 em fevereiro (com bonificações)

  • R$ 23 mil a R$ 25 mil nos demais meses

A remuneração seguiu vigente porque a demissão só foi efetivada após o trânsito em julgado do PAD.


O que diz a defesa da juíza

A defesa da magistrada ajuizou um Pedido de Revisão Disciplinar no CNJ, alegando que a pena foi:

  • Desproporcional

  • Sem provas de dolo ou má-fé

  • Juridicamente viciada

Também apontou que Angélica:

  • Foi designada para uma vara sem juiz titular há anos, com alto passivo processual.

  • Enfrentou resistência interna e discriminação velada, por ser de outro estado, mulher e mãe de uma criança com TEA (transtorno do espectro autista).

  • Atuou com boa-fé e transparência funcional, buscando organizar uma unidade com falhas operacionais crônicas.

Segundo os advogados, a penalidade deveria ter sido substituída por medidas pedagógicas e de orientação, e não por demissão sumária.


As decisões serão anuladas?

Segundo o TJ-RS, não. Mesmo padronizadas, as decisões foram revisadas por juízes substitutos e seguem válidas, a menos que haja recurso específico por parte das partes envolvidas.


FAQ – Perguntas Frequentes

1. Por que a juíza foi demitida?
Ela foi demitida por copiar decisões judiciais em série, sem análise individual dos processos, o que viola o princípio da exatidão e a função do juiz.

2. Quantas decisões foram copiadas?
Mais de 2 mil decisões em cerca de um ano, segundo o relatório do PAD.

3. A juíza estava efetiva no cargo?
Não. Ela estava em estágio probatório, o que permitiu a demissão sem necessidade de processo judicial adicional.

4. As decisões serão anuladas?
Não. O TJ-RS afirma que foram revisadas e seguem válidas, exceto se houver recurso.

5. A juíza pode recorrer?
Sim. Sua defesa entrou com pedido de revisão no CNJ para reavaliar a proporcionalidade da penalidade.

6. Qual o argumento da defesa?
Alega falta de estrutura, excesso de processos, discriminação e ausência de má-fé.


Conclusão: entre falhas sistêmicas e responsabilidade individual

O caso da juíza Angélica Chamon Layoun evidencia dois problemas complexos:

  1. A pressão por produtividade no Judiciário, mesmo em varas sobrecarregadas;

  2. A exigência de conduta técnica e individualizada por parte dos magistrados, especialmente durante o estágio probatório.

Ainda que o contexto seja desafiador, o TJ-RS entendeu que copiar decisões sem análise específica compromete a imparcialidade e a segurança jurídica.

Por outro lado, o caso suscita reflexões sobre o acolhimento de magistradas mães, que conciliam funções intensas com cuidados especiais.

Agora, caberá ao CNJ avaliar os argumentos da defesa e decidir se a pena será mantida ou revisada.


https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2025/07/17/mesmo-afastada-juiza-demitida-por-copiar-decisoes-no-rs-recebeu-salario-ate-junho.ghtml

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